O ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, morreu hoje, pelas 11:10, em Barcelona, em Espanha, onde se encontrava hospitalizado, após doença prolongada. Eis o comunicado do Executivo na íntegra: COMUNICADO À NAÇÃO O Executivo da República de Angola leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional, com um sentimento de grande dor e consternação, o falecimento de Sua Excelência o ex-Presidente da República, Engenheiro José Eduardo dos Santos, ocorrido hoje às 11h10 , hora de Espanha certificada pelo boletim médico da clínica, em Barcelona, após prolongada doença.   O Executivo da República de Angola inclina-se, com o maior respeito e consideração, perante a figura de um Estadista de grande dimensão histórica, que regeu durante muitos anos com clarividência e humanismo os destinos da Nação Angolana, em momentos muito difíceis.   O Executivo da República de Angola apresenta à família enlutada os seus mais profundos sentimentos de pesar e apela à serenidade de todos neste momento de dor e consternação. Luanda, 8 de Julho de 2022   Em nota, o Governo de Angola "leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional, com um sentimento de grande dor e consternação, o falecimento de Sua Excelência o ex-Presidente da República, engenheiro José Eduardo dos Santos, ocorrido hoje às 11h10 , hora de Espanha"."O Executivo da República de Angola inclina-se, com o maior respeito e consideração, perante a figura de um estadista de grande dimensão histórica, que regeu durante muitos anos com clarividência e humanismo os destinos da nação angolana, em momentos muito difíceis.O Governo ainda diz apresentar "à família enlutada os seus mais profundos sentimentos de pesar e apela à serenidade de todos neste momento de dor e consternação". José Eduardo dos Santos esteve no poder do regime em Angola durante quase quatro décadas. Sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo. Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975. Internado há duas semanas nos cuidados intensivos de uma clínica em Barcelona, o antigo Presidente angolana tinha problemas de saúde há vários anos e foi acompanhado na cidade catalã desde 2006. João Lourenço decretou cinco dias de luto nacional a iniciar-se partir da meia-noite deste sábado, dia 9 de julho. “É declarado luto nacional a ser observado em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares”, refere a Presidência de Angola num comunicado posterior. Tchizé dos Santos recorda pai: “África perdeu um dos seus maiores heróis vivos” Numa série de fotografias publicadas na sua conta no Instagram após a notícia da morte de José Eduardo dos Santos, Tchizé dos Santos escreve que perdeu a companhia do seu “primeiro grande amor” e que o continente africano “perdeu um dos seus maiores heróis vivos”. Desde que o pai foi internado, Tchizé dos Santos tem feito várias críticas a João Lourenço, Ana Paula dos Santos e ao MPLA , a quem deixa um recado numa das publicações: “Apagar a luz do outro não vai fazer com que a sua brilhe mais!”. “Os pais nunca morrem, porque são o amor mais verdadeiro que os filhos conhecem em toda a vida. Eles vivem para sempre dentro de nós”, escreveu ainda a filha de José Eduardo dos Santos. Marcelo Rebelo de Sousa lembra “protagonista decisivo” O Presidente da República português enviou as condolências ao atual chefe de Estado angolano, João Lourenço, através de uma nota na página da Presidência. “O Presidente José Eduardo dos Santos foi o interlocutor de todos os Presidentes Portugueses em Democracia, durante quatro décadas, constituindo um protagonista decisivo nas relações entre os Estados e os Povos Angolano e Português”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa por escrito. O Presidente da República português salientou ainda que o ex-chefe de Estado angolano foi uma “uma personalidade que marcou as relações [Portugal-Angola] num período particularmente sensível, imediatamente subsequente à independência de Angola e quando em Portugal estava a institucionalizar-se em democracia”, segundo declarações difundidas pela SIC Notícias. Santos Silva realça “contributo determinante” para construção da paz em Angola O presidente da Assembleia da República realçou o “contributo determinante” do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos para a construção da paz em Angola, e enviou sentidas condolências ao povo angolano e à Assembleia Nacional deste país.   “Na morte de José Eduardo Santos recordo o seu contributo determinante para a construção da paz em Angola. Transmito sentidas condolências à Assembleia Nacional e a todo o povo angolano”, escreveu o presidente da Assembleia da República. “Angola trilhou caminho de crescimento e consolidação” durante liderança de José Eduardo dos Santos, diz Governo Em comunicado divulgado ao final da tarde, o governo português lamenta a morte do antigo Presidente da República de Angola, dirigindo as condolências “à família e à Nação angolana neste momento de luto nacional”, aponta o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A tutela liderada por João Gomes Cravinho assinala ainda que “Angola trilhou um caminho de crescimento e consolidação”, durante a presidência de José Eduardo dos Santos, quer a nível internacional quer no “espaço lusófono”, continuando a ” fortalecer os laços” entre os dois países. Cavaco Silva recorda “artífice decisivo” na construção da paz O antigo Presidente da República Cavaco Silva enviou esta sexta “as mais sentidas condolências” à família do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos, que recordou como um “artífice decisivo na construção da paz”. “No momento da morte do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, envio à sua família as mais sentidas condolências e ao povo amigo de Angola uma palavra de conforto pela partida de uma notável figura nacional”, dá conta uma nota do gabinete de Cavaco Silva enviada à Lusa. O antigo Presidente português recorda Eduardo dos Santos como “um artífice decisivo na construção da paz e da reconciliação nacional da nação angolana”, com quem mantinha “uma duradoura relação de confiança, que permitiu ultrapassar as dificuldades que marcavam as relações” entre os dois países na década de 1980. “Testemunhei o seu firme empenho pessoal e as decisões particularmente difíceis e complexas que tomou. Com José Eduardo dos Santos, de inteligência fina, convincente na argumentação, sereno e sábio no uso da palavra, foi possível reforçar a cooperação entre Portugal e Angola”, considerou o ex-chefe de Estado de Portugal. Ao longo dos anos, prosseguiu Cavaco Silva, a relação entre Portugal e Angola passou “da desconfiança” à “amizade e isso deve-se, em grande medida, a José Eduardo dos Santos”. “Neste momento de despedida, presto-lhe a minha homenagem”, finalizou. Durão Barroso elogia “o patriota” e “o estadista” O ex-primeiro-ministro português Durão Barroso lembrou nesta sexta-feira “com saudade” o antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, destacando “o patriota” e “o estadista” que ficará na História do seu país e de África. “Recordo alguém de excecional inteligência, que foi capaz de garantir a unidade nacional angolana num contexto geopolítico extraordinariamente difícil, que ficará indelevelmente na História de Angola, de África e também das relações de Angola com Portugal”, escreveu o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, numa declaração enviada à agência Lusa. Guterres destaca papel de ex-PR no multilateralismo O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou a importância de José Eduardo dos Santos a favor do multilateralismo e destacou a assinatura do acordo de paz que terminou a guerra civil em Angola. Numa nota divulgada pelo seu porta-voz e citada pela agência Lusa, o antigo primeiro-ministro português salientou “que sob a liderança de José Eduardo dos Santos, o país assinou o acordo de paz, de 2002, que colocou fim à guerra civil, que eclodiu após a independência” e que o antigo chefe de Estado transformou Angola num “importante parceiro regional e do multilateralismo”.
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