O
conhecimento familiar ou as intuições oriundas do senso comum, perante
situações vividas, podem levar a correlações entre fenómenos observados e ao
desejo de apurar a real correspondência existente entre eles. Não se trata aqui
de provar cientificamente o perceptível; ao contrário, trata-se de apurar se é
"perceptível", isto é, se há ou não uma correlação de facto entre os
fenómenos.
Exemplos: O conhecimento popular concede à "idade" e ao desejo de "afirmação" a rebelião do adolescente; na área da psicologia podem-se elaborar hipóteses sobre o assunto, entre elas: "Em determinada fase do desenvolvimento mental do jovem, a necessidade da afirmação do ego leva à contestação da autoridade dos pais e dos valores da sociedade" ou "dada a 'necessidade' da afirmação do ego, então contestação da autoridade dos pais e dos valores da sociedade". Outro exemplo partiria do conhecimento
familiar de que as crianças, "brincando de imitar" os adultos, aprendem a se comportar na sociedade; uma hipótese, igualmente na área da Psicologia, seria de que "a imitação é um dos processos de aprendizagem da vida social".
Uma
fonte rica para a construção de hipóteses é a observação que se realiza dos factos
ou da correlação existente entre eles. As hipóteses terão a função de comprovar
(ou não) essas relações e explicá-las.
Exemplos: Procedendo da constatação da correlação entre o nível socioeconómico (classe social) do aluno e o seu rendimento escolar, vários pesquisadores levantaram hipóteses sobre o menor rendimento escolar dos alunos de classe social baixa, observando a influência da alimentação, do ambiente cultural, da profissão dos pais, do nível de aspiração educacional dos pais e até dos "valores" que a escola transmite (partindo do princípio de que ela acentua as "características" da classe alta e média).
3. Comparação com outros Estudos
Podem-se enunciar hipóteses que resultam de o pesquisador basear-se nas investigações
de
outro estudo ou estudos na perspectiva de que as conexões similares entre duas
ou mais variáveis predominam no estudo presente.
Exemplo: Resumindo os pressuposições da obra de Durkheim, O suicídio, obteremos as subsequentes conclusões: a) a coesão social proporciona apoio psicológico aos membros do grupo dominado pela ansiedades e tensões agudas; b) os índices de suicídio são função das ansiedades e tensões não aliviadas a que estão sujeitas as pessoas; c) os religiosos têm uma coesão social maior que os não religiosos e, portanto, d) é possível prever e antecipar, entre religiosos, um índice menor de suicídio do que entre os não religiosos.
4. Dedução Lógica de uma Teoria
Podem-se
extrair hipóteses, por dedução lógica, do contexto de uma teoria, isto é, de
suas proposições gerais é possível chegar a uma hipótese que afirma uma
sucessão de eventos (factos, fenómenos) ou a correlação entre eles, em determinada
situação.
Exemplo: Ogbum, em sua obra Social change, apresenta a teoria da demora cultural, indicando que a transformação ou o crescimento, no movimento total de uma cultura, não se processa no mesmo ritmo em todos os sectores. Se urna grande parte da herança social do homem é a cultura material, para utilizá-la são necessários ajustamentos culturais, denominados cultura adaptativa; as transformações nessa última são geralmente precedidas por transformações na cultura material. Se desejarmos realizar uma pesquisa em área rural de Angola, onde a televisão Pública e via satélite tem penetração, podemos partir da hipótese de que ela, transmitindo idéias, crenças, conhecimentos e valores da sociedade urbana (cultura não material), para uma região rural subdesenvolvida, com poucas alterações da cultura material (técnicas e artefactos), influenciou as transformações da cultura adaptativa, fazendo com que a cultura material ficasse defasada (ultrapassada) em relação a ela.
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5. A Cultura Geral na qual a Ciência se Desenvolve
A cultura Angolana, variante da cultura ocidental Europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como à felicidade individual, ao passo que a cultura Bantu acentua os valores grupais, preocupando-se menos com a felicidade individual e procurando evitar a competição e, até certo ponto, a realização individual. Esses, enfoques, dados pela cultura geral, podem levar o cientista, principalmente na área das ciências sociais, a se preocupar mais com determinado aspecto da sociedade, originando hipóteses sobre temas específicos.
6. Analogia
As
observações casuais da natureza, assim como a análise do quadro de referência de
outra ciência, podem ser fontes de hipóteses por analogia.
Exemplo: Os estudos da ecologia das plantas e animais reflectiram no desenvolvimento
da ecologia humana: especificamente o fenómeno
da segregação, conhecido na ecologia da planta, originou a hipótese de que actividades
específicas e tipos de população semelhantes podem ser encontrados ocupando o
mesmo território.
7. Experiência Pessoal, idiossincrática (ou reacção individual própria e típica a cada pessoa).
A
maneira particular pela qual o indivíduo reage aos factos, à cultura em que
vive, à ciência, ao quadro de referência de outras ciências e às observações
constitui similarmente
fonte
de novas hipóteses.
Exemplos: Darwin, em sua obra a origem das espécies, levantou a hipótese de que os seres vivos não são imutáveis, oriundos de criações distintas, mas que se modificaram. Ora, além de suas observações pessoais, Darwin reuniu vários factos que eram conhecidos em sua época, dando-lhes uma interpretação pessoal, da qual originou sua hipótese.
8 Casos discrepantes na própria teoria
A
teoria empresta direcção às pesquisas, estabelecendo um elo entre o que é
conhecido e o desconhecido, ou da própria teoria tiram-se deduções lógicas que
representam outros tantos problemas e hipóteses. Mas, às vezes, a fonte das
hipóteses são as discrepâncias apresentadas em relação ao que "deve"
acontecer em decurso da teoria sobre o assunto.
Exemplo: nas pesquisas sobre comunicação estabeleceu-se a teoria, baseada nos factos, de que há pessoas que podem ser classificadas como "líderes de opinião". A seguir, novas pesquisas, realimentando a teoria, verificaram que essas pessoas possuíam prestígio, isto é, status elevado na comunidade. Sendo que o status é uma decorrência de diversas variáveis, levantou-se a hipótese de que poderia existir um "tipo ideal" de "pessoa influente". Entretanto, as pesquisas demonstraram a inexistência de muitas características comuns entre elas. Dessa discrepância surgiu a hipótese proposta por Merton, da existência de duas categorias de pessoas, as influentes "cosmopolitas" e as "locais", apresentando grupos de características distintivas.
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