CAPíTULO I – ABORDAGEM TEÓRICA
1.1.Definições de termos e conceitos
1.1.1. Toponímia
Segundo Dick (1990, p. 19), citado por Sousa, (2013, p.295) a toponímia é “um imenso
complexo línguo-cultural, em que dados das demais ciências se interseccionam
necessariamente e, não, exclusivamente. O termo toponímia deriva do grego, mais
particularmente de topos que denota lugar, e de ónoma que significa nome. A
toponímia é a cadeira que estuda os nomes apropriados dos sítios. Deste modo, os
nomes de todo povo, cidade ou colectividade são conhecidos como topónimo.
Para Carvalhinhos,
(2010) a toponímia é uma disciplina complementar da geografia e da
história a noção dos nomes de cada lugar é um fundamento que possui um valor
histórico incontroverso, por outro lado, possibilita conhecer a apreciação dos indígenas
de um lugar em conformidade ao seu meio. Deve-se destacar que muitos topónimos
se referem às particularidades físicas da área geográfica. Desta forma, quando
um local ganha o nome de 1º de Maio ou Ho Chi Minh indica que nesses lugares houve
acontecimentos relacionados a estes nomes ou eventos.
O topónimo expõe geralmente a relação de proveniência
dos homens e o lugar que residiam. Os peritos desta disciplina estudam a variedade
de topónimos de cada região e esta análise é sabida como estratigrafia
toponímica. Isto indica que num território pode haver muitas designações de
várias origens. Por exemplo, na Espanha a toponímia é árabe, latim, galega ou
sem classificação em Angola é Portuguesa
Cada topónimo tem uma
proveniência própria. Se o nome de um lugar procede de uma figura histórica se
diz de antropónimo (por exemplo, Washington recebe este nome por razão do
primeiro presidente dos Estados Unidos). Se a designação de um sítio se deve a
um animal, trata-se de um zoônimo (por exemplo, Rua dos cães). Há similarmente
os fitónimos ou topónimos com nomes de plantas, como acontece em alguns locais
chamados de Guaco. Os cosmônimos estão assentes em nomes de astros, como os
Picos de Europa. De alguma forma, cada topónimo tem sua história própria
Assim sendo, os nomes das cidades, estados e países, por
exemplo, usualmente dizem muito sobre o lugar, mas quando se trata de topónimos
antigos, nem sempre eles continuam guardando em si memórias sobre os locais que
nomeiam. Ainda assim, na maioria das vezes, conseguimos reconhecer o concernente
com base nas propriedades locativas a ele imputadas por meio da exposição.
1.2.Toponímia e sua importância antropológica
O topónimo é na
realidade, um tema de grande importância para a vida humana, por este facto
aliá-lo a antropologia torna-se ainda mais interessante. A toponímia,
identifica grupo de pessoas, localiza a composição social num determinado
espaço geográfico e, sobretudo, é um depósito e memória colectiva de uma
determinada comunidade.
Enquanto a
Antropologia, entendida na sua etimologia como ciência do Homem, vem antes de
mais consagrar os seus estudos conforme nos diz HOBEL, cumpre as (3) três
características essenciais que distinguem este tipo de conhecimento
Antropológico que são: “Tratam do homem suas manifestações como um
todo; Empregam o método comparativo; Levam em conta o conceito de cultura como
âmbito próprio do humano” (HOBEL, 1973, p. 4-6.)
Esta visão nos
leva a afirmar que o estudo da toponímia esta intrinsecamente ligado a
antropologia nas suas diferentes formas de pensar e cultura pelo que nos
permite dizer que um estudo toponímico não deve ser feito sem a presença da
Antropologia, pois é a partir dela que se assumira a legitimidade e o devido
enquadramento ou pelas manifestações humanas, ou pela cultura e âmbito do
próprio homem. Assim é possível mesmo dizer que , a existência da Toponímia ,
só se torna possível a partir do momento em que os homens se virem na
necessidade de nomear ou atribuir nomeações a cidades e ou sitos ou outros lugares
, desta forma é o homem que em função da sua vivencia e seu estar que procura
adaptar as atribuições até a sua realidade.
Deste modo, o
estudo da toponímia é importante porque permite a compreensão dos valores e a
memória de um povo, porquanto o estudo da antropologia vem servir de um grande
apoio para que tal desígnio seja alcançado. A sua análise nos permite
compreender a organização sociocultural dos espaços, nas ruas, nos edifícios,
nos rios, etc., assim, os topónimos defendem a necessidade de organização
geográfica dos espaços no interior dos perímetros habitados, tal como afirma
Pereira Victor “Ainda o mesmo autor
advoga que a toponímia medieval, actualmente é apresentada a partir das fontes materiais,
permite conhecer alguns topónimos antigos através dos edifícios existentes nos
cascos urbanos[1]”.
(VÍTOR;2011.252).
Com isso, entendemos
que o seu estudo permite identificar e localizar os imóveis e não só, que
raramente referenciados como fontes, mas que organizam os espaços urbanos e a
memoria dos seus habitantes que nomeia os sítios e lugares. Além disto, podemos
ver se a própria toponímia tem tido uma evolução demonstrada com as suas
diferentes formas de se apresentar, logo a sua compreensão será, mais eficaz e
precisa com o auxílio da Antropologia.
Desde logo na
antiguidade, o Homem percebeu as vantagens que havia ao nomear determinado
espaço que o circundava, quer sejam aqueles próximos das suas residências, quer
sejam os mais distantes. Porque se entendiam que assim as pessoas poderiam
conseguir referencias seguras de sua própria localização, para melhor se
orientar no espaço, caso que em muitos países ainda continua sendo um problema,
como defende (RAMOS;1999. 110).
Como se pode
entender a toponímia tem uma função cultural bastantes importantes e deve
também ser entendida como uma forma de explicar as manifestações humanas e a
evolução da sua cultura nos seus mais variados contextos. Da mesma forma que
ela auxilia a conhecer a história das cidades e dos lugares; é um elemento de
orientação e identificação e de localização dos imóveis por um lado, mas também
de compreender como e em que circunstâncias os homens daquela época ou período
agiram desta ou daquela forma e fizeram isto ou aquilo, sem este elemento, não
teríamos como perceber os elementos que estiveram na origem de determinados
nomes de lugares e sítios, pois os mesmos representam, o modus vivendo de um
dado grupo.
A
Toponímia, é vista como num meio de comunicação, porque constitui a principal
referencia geográfica para se deslocar nas cidades e muito útil ao
desenvolvimento da actividade do Homem[2],
portanto, ao nível local cabe às Administrações territoriais, através de
regulamentos e órgãos próprios, preservar este legado cultural e regulamentar o
nome das ruas novas e aplicar as normas de numeração de prédios urbanos. No
entanto para que se faça este exercício, é preciso levar em consideração, como
já atrás foi dito, a Antropologia, de formas a salvaguardar as principais
referências dos grupos e respeitar as manifestações culturais dos diferentes
povos.
O estudo
toponímico, pode também, ser visto como meio de comunicação, pois através das
referencias dos povos ou comunidades que habitaram numa determinada zona, ela
permitira fazer um dialogo entre o presente e o passado permitindo a que se
cheguem a conclusões sobre o desenho e as origens toponímicas de diferentes
regiões e ou bairros.
Deste modo, o
interesse em se descobrir o significado do nome de lugar pode ser essencial
para que se inicie uma pesquisa, mas diminuir o valor que a Toponímia tem é
diminuir a importância cultura que ele apresenta, porque o topónimo é, na
verdade, um tema de grande importância para a vida Humana, Dick e Vicente (1981.78)
e (2014). Assim, a toponímia é consequência da vontade institucionalizada que
pode ou não ser vontade comum, mas sim uma vontade expressa de uma instituição
que tem legitimidade de nomear.
[1]- Tomamos como exemplo o edifício
onde funciona o tribunal provincial, Dona Ana Joaquina, uma senhora influente
na actividade comercial e que hoje, vemos seu nome fazendo parte da memória do
povo angolano, dada a utilidade que é dada naquele sítio na actualidade.
[2]- Os vários serviços públicos têm
dificuldades de exercer suas actividades por falta de organização e valorização
de conhecimento da toponímia.
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